Reflexões necessárias sobre o AMOR tratado no dia dos namorados

Conceição Pereira

Junho, mês dedicado aos namorados, as lojas estão enfeitadas com mensagens que expressam amor, os anúncios nos comércios tem como base esse sentimento que é apresentado como movedor do mundo, a maior força que o ser humano é capaz de ter e com ela transcende suas capacidades humanas.  

Fora das vitrines, como esse sentimento é materializado?  Consideremos o amor, assim como os demais sentimentos, uma construção social, ele é cultural. O modo como nos relacionamos está relacionado como o modo de produção social, e no modo de produção capitalista tudo é tratado como mercadoria, inclusive os sentimentos.

Retomo aqui algumas idéias anotadas e compartilhadas no texto “Publico x Privado na cultura digital: A mulher como Objeto”, onde registro  minha indignação no tratamento dado a mulher na atualidade.  Nele afirmei  que deveria nos causar horror o trato dado à mulher no século XXI, nos causa?  O desrespeito inicia no ato de  ignorar o modo como esta é tratada. A MULHER ainda é tida como objeto pela maioria dos seres humanos que habitam o planeta terra,  homens e mulheres  a analisa, na maioria das vezes, como coisa,  apesar  de todas as informações  compartilhada sobre o significado de ser mulher  nos últimos anos, suas batalhas, vitorias e derrotas.

A mulher, no século XXI, período  em que a produção de conhecimento  e seu compartilhamento  são signicativamente superior aos outros, ainda é  considerada propriedade privada de um individuo; julgada incapaz de fazer escolhas, ter desejos, paixões;  proibida de ser humana. Ainda é tratada como ser da categoria irracional e cobrada  a racionalidade quando é conveniente para seus donos. Como propriedade privada é exposta publicamente como forma de garantir   a manutenção da sua condição. É comum ouvirmos a frase “mas, o que ela queria mais, tinha  tudo”. 

Num momento, junho, que o amor é o centro do comércio, falemos sobre a violência contra a mulher que tem como justificativa por parte dos agressores esse sentimento. O maior número de mulheres agredidas é  agredida por aqueles que dizem que a ama e elas acreditam que são amadas. Que significado temos dado para esse sentimento que acreditamos nos alimentar e ser o movedor de uma vida boa?

A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que no Brasil ocorram 5 feminicídios para cada grupo de 100 mil mulheres. Em 2017, em MG, a quantidade de mulheres executadas por maridos, namorados ou companheiros ou por questões de gênero chegou a 433 ocorrências, 9% a mais no período de 12 meses.  Das cidades da grande BH, Contagem foi  a que apresentou maior número de casos de feminicídio.  Sábado, dia 09 de junho, na cidade de São Joaquim de Bicas  MAIS uma mulher é assassinada por seu companheiro, policial civil, morador de Contagem.   Segundo a matéria do jornal o tempo, a polícia desconhece, até então, os motivos que motivaram o crime.  Do ponto de vista ideológico conhecemos tais motivos, é com objetivo de refletirmos sobre eles que estou escrevendo esse texto.

No momento que o amor faz parte das conversas, tentemos coloca-lo definitivamente nas nossas relações, busquemos compreender sua importância para uma vida boa.  Tentemos libertá-lo das amarras colocadas pelo capitalismo e assim nos libertarmos. MAIS CUIDADO E RESPEITO PELO OUTRO, QUE O AMOR SE FAÇA PRESENTE EFETIVAMENTE NAS RELAÇÕES.

Façamos de junho um mês dedicado ao amor, depois façamos os nossos dias dedicados ao amor. ENXERGAR O OUTRO SEM TENTATIVA DE VER SEU REFLEXO PODE SER O INICIO.

Finalizo essas  anotações com a  pergunta sempre presente  nas rodas de conversas, “mas, o que ela queria mais? tinha  tudo”.  O que nós queremos? O que as mulheres querem mais? Anotem aí – AS MULHERES QUEREM “SER MULHER”. Isso é muito?

Uma sociedade emancipada exige  a emancipação da mulher.

 

Refletir para Viver melhor