Che, Para sempre em nossa memória.

 Conceição Pereira

Nascido em 14 de junho de 1928, na cidade de Rosário, Argentina e assassinado em 9 de outubro de 1967, em La Higuera, Bolívia, Che Guevara talvez seja o latino americano que mais renasce. Suas idéias ganham mais vida  e renascem cada dia mais nas mentes e corações de  milhares de pessoas,  como nos relata Eduardo Galeano no poema Nascedor "Por que será que o Che tem esse perigoso costume de seguir sempre renascendo? Quanto mais o insultam, o manipulam, o traicionam, mais renasce. Ele é o mais renascedor de todos! Não será porque o Che dizia o que pensava, e fazia o que dizia? Não será por isso, que segue sendo tão extraordinário, num mundo em que as palavras e os fatos raramente se encontram? E quando se encontram, raramente se saúdam, porque não se reconhecem?"

O Che renasce por que representa o que buscamos, o que queremos   e sonhamos para  a humanidade.  Através de suas ações e atitudes cotidianas percebemos a possibilidade real  da construção de um novo mundo, um novo homem, permeado por sentimentos  bons, sensibilidade para agir pelo coletivo, solidariedade,austeridade, modéstia , liderança, características essas  muito valorizadas por ele.

No livro O Ministro Che Guevara: testemunho de um colaborador,  Tirso nos mostra com exemplos esse Che  que tanto nos encanta, um Che ético, disciplinado, estudioso e cumprindor dos seus deveres. Durante as guerrilhas, em que ele viajava muito para ajudar nas lutas, dividia as indústrias que deveriam ser visitadas pelos vice-ministros, deixava algumas tarefas e partia. Quando voltava, exigia de todos os relatórios das visitas estipuladas. Tirso contou que Che havia acabado de chegar de viagem e foi cobrar os relatórios que tinham prazo para aquele dia mesmo. Um dos vice-ministros não tinha visitado a indústria, disse que tava cheio de trabalho e não havia dado tempo para ir, e alegou que era uma indústria pequena e ele não sabia porque tinham que visitá-la. Diante disso, Che tirou do bolso do seu uniforme surrado (que usava todos os dias e era o mesmo desde sua primeira guerrilha) umas folhas de papel manuscritas e explicou que assim que chegou de viagem, antes de ir trabalhar, ele foi visitar a indústria de lápis, que havia ficado sob sua responsabilidade, e ali estava o relatório da visita. Pediu ainda desculpas por estar escrito à mão, ele realmente não havia tido tempo, mas iria datilografar assim que saísse dali. Apesar de ser uma pequenina indústria de lápis e apesar de estar em meio a uma guerra, Che cumpria com seus deveres e nunca escolhia trabalho. Dividia as indústrias que tinha que ser visitadas igualmente, por sorteio, entre todos que trabalham ali, incluindo ele mesmo.

Outra história presente no livro demonstra a humildade de Che Guevara. Já eram 4h da tarde e, devido a reuniões e tarefas que eles tinham que fazer, Ernesto e Tirso ainda não haviam almoçado e somente então conseguiram ir a um pequeno refeitório para comer. Quando chegou o prato, Tirso sorriu, era um bife enorme, ele nunca havia visto algo tão grade e suculento. Naquela época (anos 50) em Cuba não havia aquilo, a carne era escassa e era preciso economizar. Tirso olhou o prato de Che e verificou que continha exatamente a mesma coisa que o dele. Che ficou incomodado com o que viu, fez um sinal para que Tirso não comesse e pediu para que levassem aquela montoeira de carne dali e trouxessem uma comida condizente com a realidade cubana. Tirso ficou desolado, estava com muita fome, mas percebeu a grandiosidade daquele ato. Notou ainda que Che não havia feito aquilo para mostrar ao povo, porque só havia um segurança, o garçom e Tirso ali no restaurante.Che participava do racionamento de comida. Em sua casa nunca houve mais alimentos do que aqueles previstos pelo governo para toda a população cubana. Ele poderia ter mais, tinha como conseguir, mas sempre seguiu o programa. Queria viver exatamente como todos em Cuba.

No atual modelo de sociedade  em que o significado  do ser foi substituído pelo ter. O imediatismo  e o hedonismo são palavras de ordem, o exemplo do  Che nos surge  como   uma luz nos indicando  por  onde trilhar para que a humanidade viva dias melhores.

O Che é o incomum que desejamos que venha a ser o comum, exemplo de guerrilheiro que valoriza a teoria  e a prática, internacionalista  que dedicou sua vida  pela  libertação, soberania e autodeterminação  dos povos, companheiro e amigo capaz  de amar  a humanidade.

O Che renascerá sempre como exemplo de luta de nossos povos por justiça e liberdade. Estará para sempre em nossas memórias.

 

 

 

 

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